Designer brasileiro

Cristiano,

Adorei o texto e as indagações.

O exemplo que você deu sobre os irmãos Campana é muito peculiar. Porque o grosso do trabalho deles é mobiliário e objetos. Posso estar falando uma besteira, mas essa é minha opinião: o tipo de trabalho deles exige um projeto, depois um protótipo e depois alguém que queira produzir. E acho que por aqui era (não sei se ainda é) difícil encontrar alguma empresa que topasse. Por isso eles iam (ou vão...) pra fora do país. Lá fora o pessoal está mais acostumando a comprar "design".

Mas acontece algo semelhante com o design gráfico. Moro em Ribeirão Preto. Temos bons profissionais, mas quando uma empresa grande quer um trabalho, ela procura profissionais de São Paulo, Curitiba. E as empresas dessas grandes cidades, por sua vez, procuram profissionais de fora do país. Não estou dizendo que isso é uma regra. Mas acontece. E acho que com freqüencia. Não sei porque. Imagino que pode ser falta de divulgação. A empresa que trabalho é muito pouco conhecida. Falta marketing. Estou discutindo isso com um amigo, que está me ajudando a encontrar alguns caminhos.

Nossos "possíveis clientes" não conhecem nosso trabalho. O designer gráfico, pra muitos, é aquele que tem um bureau e que faz banner. E como esclarecer? Acho que também com divulgação. Isso é o que eu imagino. Trabalho na área há quase 4 anos, mas só agora é que estou tendo que vender minha empresa. Antes eram trabalhos indicados, nada com muito esforço. Agora estou virando "gente grande", "empresária" (o que eu nao queria... hehehe).

Outra coisa importante: tem escritório de design e tem agência de publicidade. São duas coisas diferentes. Uma agência pode ter uma equipe pra trabalhar com design. O que por aqui não acontece. Aí fica um servico de identidade visual mal feito, feio mesmo. Mas aparece na TV e na rua. Acho que o cliente não quer ter o trabalho de ir num escritório de design, trabalhar a imagem da empresa dele, detalhadamente. Depois procurar uma agência e dizer: agora divulgue. Temos também que trabalhar nesse sentido. E também não sei como...

Espero que ninguém venha falar em sindicatos e em regularizar a profissão. Muita gente acha que arquiteto é decorador. Que quem constrói casa é engenheiro. E arquitetura é regulamentada. E bem regulamentada.

Esclarecer o mercado através de propagandas institucionais, talvez? Pegar um grupo de designers, montar uma associação... Dividir essas despesas... Talvez seria um caminho.

E aí?

Abraços,

Graziella Biancuzzi