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"Shine" – Brilhante

Márcia Okida
Abril 2004

 
Título original
Shine
País / ano
Alemanha / 1996
Direção
Scott Hicks
Com
Geoffrey Rush (David adulto)
Alex Rafalowicz (David criança)

 

 

“Shine” – Brilhante é um filme belo, poético, singelo e com uma música magistral. É uma obra que toca na alma, faz sonhar, pensar e seu cartaz nos mostra muito disso já na primeira imagem, no rosto da personagem olhando feliz para o céu, sonhando, com certeza, com algo infinitamente brilhante como a música que deve estar ouvindo no fone de ouvido.


 

Leitura geométrica

Na primeira seqüência de leitura vemos a diagonal que se inicia no canto superior esquerdo e termina no canto inferior direito dividindo essa imagem em dois planos bem definidos: o real – representado pelo ator – e o imaginário – representado pelo céu azul. Não existe nenhuma informação importante ao final dela e isso faz com que esse dois planos se tornem mais fortes.


 

A outra linha geométrica que podemos perceber é a formada pelos braços abertos do ator, que também ajuda a definir esses dois planos. Fica clara nessa geometrização a importância desses dois mundos: o da vida e do sonho.


 

Espaço gráfico

O espaço vazio existente no centro desse cartaz, pode fazer algumas pessoas acharem que alí é que deveria estar posicionado o nome do filme, o que acabaria por prejudicar a composição final.

O nome do filme está colocado em um lugar de baixo impacto visual, sem força, mas, mesmo assim, é o lugar perfeito e correto. Além de estar ao lado da pessoa que o representa, “ Shine”, está em uma ligação direta com a frase do canto superior direito. Seu corpo é pequeno e é em uma fonte leve, com serifas delicadas e, mesmo sendo tão sutil, não deixa de ter seu impacto, de ser “Brilhante”.

Essa força, esse impacto visual, existe devido ao local em que foi posicionado, deixando o texto em uma leitura quase que subliminar, porque enquanto a imagem prende nosso olhar o nome está presente em nosso raio de visão periférico, indo mais rapidamente e inconscientemente para o cérebro. Essa disposição de texto e imagem é uma perfeita representação da utilização do espaço áureo em um cartaz.


 

As cores

A composição de cores opostas com predominância do azul e laranja é perfeita. O azul representando o mundo, o sonho, o espaço, a tristeza etc. e o laranja seria o corpo, a matéria, a vida, a alegria etc. E todas essas relações podem ser observadas durante a vida desse músico e durante todo o filme.


 

Linguagem simbólica

Se perguntássemos para pessoas relacionarem coisas que são brilhantes, muitas, com certeza, falariam das estrelas. E elas estão presentes neste cartaz representadas pela direção do olhar da personagem – que olha para o alto de um fundo azul. Imagem esta que nos remete claramente a céu e estrelas. Isso se reforça com essa diagonal com a palavra brilhante – “Shine”.


 

A personagem está de braços abertos fazendo uma associação direta com asas de um pássaro que voa em direção ao céu estrelado – vale lembrar que poucos pássaros voam de noite – fica claro aqui a busca pela liberdade. O enquadramento visual, que corta as pernas da personagem, só aumenta essa sensação de vôo, causando uma sensação visual de que a personagem está solta no fundo do cartaz.


 

Recomendo para quem gosta de bons filmes, belas imagens e de boa música que vejam esse filme que mostra tudo que pode ser observado nesse cartaz e, principalmente, o homem em sua busca infinita pela arte, pelo sonho. Tudo a ver com a nossa vida de designers, pelo menos com a minha.

   
 

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Márcia Okida (1967) é designer gráfico, sócia da Associação Pró-Cor do Brasil, membro da SND – Society for News Design –, diretora de Arte do Grupo de Teatro DNA e faz parte do corpo docente da Unisanta onde é da aulas de Linguagem Gráfica e Estética do audio-visual, Design Gráfico e Editoração Eletrônica nos cursos de Jornalismo, Publicidade e também faz parte da coordenação de TCCs na faculdade.
 

MAIS INFO
  Website oficial do filme
 
 › Filme no IMDB – Internet Movie Database
 › Poster no IMPA – Internet Movie Poster Awards
 › Blog da autora
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