
"Em muitos aspectos a ADG realmente conseguiu
impulsionar o desenvolvimento e reconhecimento do design no
país"
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Nas últimas duas semanas de novembro, nossa lista
de discussão foi povoada por uma grande quantidade
de críticas e mensagens de reprovação
a respeito do concurso para nova marca da ADG. Enquanto a
maioria dos participantes criticava o resultado, alguns se
detinham à criticar o concurso e a ADG em si. Este
artigo, baseado nas opiniões colocadas pelos membros
da lista, não critica ou defende o resultado do concurso,
mas faz uma análise de suas repercussões.
Para muitos de nós, associados ou não da ADG,
a entidade é costumeiramente mencionada como uma poderosa
e restrita "panelinha". Mesmo admirando e reconhecendo
a qualidade individual dos profissionais envolvidos, a idéia
que muitos fazem dos objetivos da instituição
é que seja voltada à promover e atender interesses
"do alto clero", mais do que defender o reconhecimento
da profissão.
Em muitos aspectos a ADG realmente conseguiu impulsionar
o desenvolvimento e reconhecimento do design no país.
As publicações promovidas, patrocinadas ou apoiadas
pela instituição contribuíram para a
geração de uma crescente bibliografia nacional,
mostrando a muitas editoras o potencial comercial de livros
que tratassem deste nosso tema tão desconhecido às
demais pessoas: o design. Algumas das publicações,
como o "Kit Prática Profissional", entre
outras, não apenas geraram poder de negociação
com clientes, como estimularam a profissionalização
de muitos que estavam no mercado por acidente. As bienais,
com grande visitação pública, têm
contribuído não apenas para a popularização
do design, colocando em evidência o que há de
qualidade em nosso cotidiano, como têm também
mostrado aos empresários brasileiros que nossos profissionais
são tão bons quanto, e muitas vezes melhores,
que os escritórios internacionais, na medida em que
estamos em contato direto com a cultura nacional, e por conseqüência
com o consumidor.
Mas a ADG, em seu processo de estruturação
e definição, cometeu e vem cometendo uma série
de enganos, principalmente no que concerne a abordagem e divulgação
de suas ações perante os não-filiados.
Toda nova instituição de classe, seja ela de
livre associação ou não, é vista
inicialmente com desconfiança, começando inevitavelmente
com um saldo negativo. Mudar esta perspectiva através
de suas ações, principalmente para atrair novos
filiados e se legitimar como representativa de sua classe
é, ou deveria ser, uma preocupação constante
em qualquer entidade, especialmente uma cujo objeto de trabalho
cotidiano de seus associados está sempre relacionado
à comunicação da informação
e qualidade da imagem.
Ainda assim, as críticas às ações
da ADG são, coincidentemente, ou não, sempre
similares. Nas bienais, a instituição falha
ao criar dois catálogos separados. Enquanto o livro
da Mostra Institucional é costumeiramente criticado
por ser um canal completamente aberto aos associados, que,
independente da qualidade dos trabalhos, tem direito ao seu
espaço garantido, o livro da Mostra Seletiva, supostamente
um veículo aberto aos não-filiados, é
criticado por ter grande parte de seu espaço ocupado
por trabalhos de membros da ADG. Desta forma, quando um trabalho
é recusado para a mostra seletiva, após pagar
onerosa taxa de inscrição, é natural
e compreensível, que o autor, em lugar de refletir
sobre a qualidade de seu projeto, acuse a instituição
de preferencialismo. Nestas circunstâncias, pouco a
ADG pode fazer para preservar sua imagem.
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