Resumo
Design não é puramente estética, mas
é também uma atividade que agrega valor às
empresas que contratam este serviço. As pequenas empresas,
que desconhecem essa área, deixam de se beneficiar
das vantagens de sua Gestão. O Sebrae atualmente tenta
mudar esse quadro com a criação de projetos
que têm como objetivo a divulgação das
vantagens da aplicação do design para os micro
e pequenos empresários. Essa profissão não
interfere apenas no produto, serviço e imagem da empresa.
Como em sua metodologia existe uma análise de mercado,
de concorrentes e da própria empresa, é possível
que alguns problemas sejam detectados em setores que não
fazem parte do design, como na produção e distribuição.
Aí também há a interferência do
consultor de design, que propõe uma melhora na área
deficitária. Exemplos e dados que comprovam a ação
do design em empresas são mostrados com um certo grau
de detalhes.
|
Palavras-chave
Design, Pequena Empresa; Valor; Gestão. |
|
|
|
Design significa, etimologicamente,
projeto. A atividade começou a evoluir após
a revolução industrial. No começo, a
preocupação era com a produção.
Não havia nenhuma concorrência. Com o tempo as
indústrias começaram a se firmar. No entanto
o produto final delas era praticamente o mesmo. Por conta
disso, era a tradição contava na hora da escolha
do produto. A partir do momento em que o consumidor passou
a ter opções de escolha, a estética e
funcionalidade do produto começaram a ser trabalhadas.
Assim, o design se transformou em uma ferramenta de diferenciação
entre as empresas, aliado a outras atividades como o marketing.
O empresário pode então se questionar: sim,
mas quais as vantagens da aplicação do design
nas empresa? É preciso entender que, para que uma empresa
obtenha sucesso, é necessário que o produto
ou serviço oferecido, seja bem recebido pelo consumidor-cliente.
O desafio do empresário, de grandes, médias
e pequenas empresas, é conquistar a confiança
do seu público. Uma das estratégias para alavancar
as vendas e manter as empresas no mercado é a agregação
de valor aos produtos ou serviços prestados. “O
Design é uma das ferramentas que tem sido utilizada
para agregar valor aos produtos e serviços, auxiliando
na conquista de novos mercados. O Design auxilia na melhoria
de aspectos funcionais, ergonômicos e visuais dos produtos,
buscando além de atender as necessidades dos consumidores,
melhorar o conforto, a segurança e a satisfação
dos usuários. As empresas que já se utilizam
desta ferramenta, têm obtido resultados positivos na
introdução de diferenciações nos
produtos e têm conseguido se destacar perante seus concorrentes.”
[1›]
Agregar valor, neste caso, é trazer junto às
funções básicas do produto ou serviço,
características que venham a somar benefício
e trazer conforto ao cliente. As casas lotéricas, por
exemplo, serviam apenas para jogos e, alguns meses após
as instalações, passaram a receber pagamentos
de contas de telefone, de energia entre outras.
O diretor-presidente do Sebrae, Paulo Tarciso Okamotto, mostra
dados relevantes que explicitam a importância da interferência
dessa atividade nas empresas:
“Pesquisa da Open University na Inglaterra, com
221 pequenas empresas, mostrou resultados importantes: em
90% dos casos, elas obtiveram lucros com o novo design, registrando
retorno do capital investido em 15 meses; ampliaram em 40%
as vendas pelas modificações no design dos produtos;
25% dos projetos abriram novos mercados para os produtos dessas
empresas.
No caso brasileiro, pesquisa da CNI, a Confederação
Nacional da Indústria, em 500 empresas de diversos
setores, revelou que 75% delas obtiveram aumento de vendas
em função da utilização do design
e 41% reduziram custos de produção.”
[2›]
Apesar da quantidade de benefícios advinda do design
ser significante, apenas os grandes empresários utilizam
deste recurso. Os donos das pequenas empresas desconhecem
ou têm uma visão deturpada dessa atividade. É
importante que o pequeno empresário entenda que design
não é meramente estética. Sua ação
vai muito mais além do que o conceito de beleza. As
soluções encontradas são frutos de estudos
e pesquisas realizadas de maneira que venham a se adequar
à necessidade da instituição. É
um instrumento que pode servir de apoio às empresas
de pequeno porte.
Como as pequenas empresas podem se beneficiar dessa atividade?
Sabe-se que, atualmente no país, 470 mil micro e pequenas
empresas iniciam suas atividades a cada ano, mas 49,4% delas
fecham as portas antes de completar dois anos
[3›]. Abre-se aqui
um espaço para definir pequenas empresas. De acordo
com a OCDE (Organization for Economic Corporation and Development),
para ser considerada pequena empresa, o número de funcionários
não pode ultrapassar 100. No Brasil, está valendo
a lei 9.317/96, de 5 de dezembro de 1996, que considera “empresa
de pequeno porte, a pessoa jurídica que tenha auferido,
no ano-calendário, receita bruta superior a R$ 120.000,00
(cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00
(um milhão e duzentos mil reais).”
[4›]
A Gestão do Design nas pequenas empresas pode até
mesmo ampliar o mercado de atuação de quem contrata
esse serviço. Mas afinal, o que é gestão
de design? Segundo o dicionário, a palavra gestão,
significa gerir, administrar. Segundo Luis Emiliano Avendaño,
cosultor de design, ela é definida como “o
conjunto de atividades de diagnóstico, coordenação,
negociação e design que comparecem tanto na
atividade de consultoria externa como no âmbito da organização
empresarial, interagindo com os setores responsáveis
da produção, da programação econômica-financeira
e da comercialização, com a finalidade de permitir
uma participação ativa do design nas decisões
dos produtos.”
[5›] Segundo Fennemier
Gomer, citada em dissertação de Tatiane Shoneweg
Melo, a gestão de design “é responsável
pelo design, pela implementação, manutenção
e constante avaliação de tudo a que se refere
a identidade corporativa, desde um panfleto até o uniforme.”
Na Infopaper de dezembro de 2004, foi mostrado o exemplo
de uma indústria de móveis de pequeno porte,
que resolve investir em gestão de design para dar um
padrão a seus produtos. “Com a nova política
de planejamento e desenvolvimento, esta empresa teve um ganho
de produtividade em torno de 20%, considerando a reestruturação
do layout fabril e equipamentos.”
[6›] Além
disso, houve um aumento de produtividade, alguns processos
foram terceirizados e alguns funcionários foram reposicionados
de maneira que passaram a receber uma quantia equivalente
à atividade exercida. “Após a conclusão
do projeto, o designer ainda pode prestar suporte à
indústria para implementação de outras
políticas como a Gestão da Qualidade e ISO 9000,
Gestão Ambiental e ISO 14000, Selo Verde etc.”
[7›]
E como é possível criar uma estratégia
de design correta para um determinado produto ou serviço?
Esta pergunta incomoda boa parte dos profissionais deste setor.
Na verdade, o profissional da área de design deve atuar
diretamente ligado à tradição, costumes
e preferências de um determinado público-alvo.
O designer trabalha seguindo uma metodologia que inicia com
o briefing, a detecção de problemas e passa
pela pesquisa de mercado, análise dos concorrentes
e da empresa que o contratou até que se gere um conceito
e se crie uma proposta.
Qual a solução para a conscientização
dos empresários para importância do design? Instituições
como o Sebrae, percebendo que o design é uma ferramenta
que pode ajudar no processo de sustentação dessas
empresas no mercado, criou programas como o Via Design que
têm, como objetivo principal, a divulgação
dessa área para pequenos empresários e empreendedores.
É possível perceber diante dos dados e depoimentos
expostos, que a gestão do design é um ponto
a favor do empresário contra a concorrência.
Numa sociedade onde a identidade é essencial e o que
é diferente chama a atenção, o design
pode aparecer como um aliado na batalha para destacar uma
empresa no mercado. Se aplicado corretamente, sem déficit
em nenhuma das etapas, o retorno adquirido será muito
maior do que o esperado. No caso específico das pequenas
empresas que disputam com grandes corporações,
a consultoria de design pode ser a chave mestra para sua sobrevivência,
solucionando possíveis problemas e destacando os pontos
positivos em detrimento aos negativos. A atuação
de instituições como o Sebrae na divulgação
da atuação desta profissão é uma
solução para sanar o desconhecimento do design
por parte dos pequenos empresários.
Referências bibliográficas
BACCEGA, Maria Aparecida. Gestão de Processos
Comunicacionais. São Paulo: Atlas. 2001
CANDIDO, Marconde da Silva. Gestão da Qualidade Em
Pequenas Empresas: Uma Contribuição aos Modelos
de Implantação. Dissertação apresentada
à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito
parcial à obtenção do título de
mestre em Engenharia de Produção. Florianópolis:
1998
MELLO, Tatiane Schoeweg. Aspectos Relativos À Promoção
do Design No Brasil Visando A Área da Gestão.
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Santa Catarina, como requisito parcial à
obtenção do título de mestre em Engenharia
de Produção. Florianópolis: 2003
FIGARO, Roseli. Gestão da Comunicação.
São Paulo: Atlas. 2005
VIEIRA, Roberto Fonseca. Comunicação
Organizacional: Gestão de Relações Públicas.
Rio de Janeiro: Mauad. 2004
REDE DESIGN BRASIL, Depoimento de Paulo Tarciso Okamotto.
Disponível em: www.designbrasil.org.br/portal/via/conteudo.jhtml
acessado em 25 de outubro de 2005.
ERGONOMIA. Disponível em: www.ergonomia.com.br/htm/sebrae.htm
acessado em 25 de outubro de 2005.
SEBRAE. Disponível em: www.sebrae.com.br/br(...)entotecnologico_911.asp
acessado em 25 de outubro de 2005.
INFOPAPER. Disponível em: www.cspd.com.br/downloads/Infopaper05.pdf
acessado em 25 de outubro de 2005.
Notas
- Dissertação de Pós-graduação
de Tatiane Schoneweg. [‹ VOLTAR]
- Dados extraídos do site
da Rede Design Brasil: [‹ VOLTAR]
www.designbrasil.org.br/portal/via/conteudo.jhtml
- Dados extraídos do site:
[‹ VOLTAR]
gazetadesantarem.com.br/edi_antiga_arquivo/763/geral_02.htm
- Dados extraídos do site
da Receita Federal: [‹ VOLTAR]
www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Leis/Ant2001/lei931796.htm
- Trecho extraído do Zine
publicado na internet no site: [‹ VOLTAR]
www.dezine.com.br/zine/003/avendano_003.htm
- Infomação extraída
da Infopaper número 5 de dezembro de 2004. [‹ VOLTAR]
- Infomação extraída
da Infopaper número 5 de dezembro de 2004. [‹ VOLTAR]
|
|
Roberto
S. Reis (1981) é bacharel em Design
Gráfico pela Universidade Tiradentes, cursando
especialização em comunicação
digital. |
|
|
|
Grazielle
S. Silva (1984) é bacharel em Design
Gráfico pela Universidade Tiradentes. |
|
|