Capa Com a PalavraMatéria

   PORTFÓLIO 

Desenhando garatujas

Morandini
Março 2005

 

Uma vez perguntaram se além de desenhar eu também trabalhava. Continuo procurando a resposta até hoje!

 

 

 

Ilustrador, designer ou artista gráfico? Acho que no fundo sou um equilibrista. Um criador de imagens que brinca com cores e formas tentando não deixá-las cair, na maioria das vezes.

Criar imagens tem sido minha atividade desde sempre. Após estudar edificações, trabalhei durante alguns poucos anos em empresas de vidro, onde projetava fachadas, móveis e instalações. Cursei as faculdades de Publicidade e Propaganda, Jornalismo e estudei Design e Ilustração. Em 1985 abri meu estúdio, onde crio desenhos que se prestam aos mais variados fins: ilustrações editoriais, embalagens, logotipos, programas de identidade visual, produtos, campanhas publicitárias, painéis promocionais e murais decorativos.

Nos últimos 10 anos, fiz a opção por um desenho de cunho autoral. Trabalhei durante muito tempo realizando os desejos dos diretores de arte, sem ter um estilo muito definido. Ao longo desses anos, fui rabiscando uma série de esboços sem compromisso de figuras meio estranhas, que eram esquecidas nas pastas e gavetas do estúdio. Costumava chamar esses personagens de "garatujas", numa alusão aos rabiscos que as crianças costumam fazer.

As garatujas foram se multiplicando, multiplicando, até que um dia ganharam vida própria. Resolvi, então, dar uma chance a elas num projeto. Depois veio outra chance. Depois da terceira oportunidade, elas ganharam força. Saíram das gavetas e pastas e passaram a ganhar o mundo. Não havia mais nada que eu pudesse fazer para detê-las.

 

Morandini

Nasci em São Paulo, onde vivo atualmente. Cresci desenhando, coisa que continuo fazendo até hoje, talvez apenas de uma maneira um pouco diferente.

Meu mundo sempre foi essencialmente visual. Por esse motivo, nunca fiz uma opção formal pelo design. Alimento meu "arquivo de imagens" em outdoors, grafites, páginas de revistas, rostos ou até mesmo nos lugares mais estranhos e insólitos.

Realizo meus sonhos diariamente fazendo desenhos. Os desenhos também são responsáveis por alguns pesadelos – os prazos de entrega nem sempre são justos. Às vezes esses prazos beiram o absurdo, mas o desafio e a tensão tornam tudo mais gostoso. O melhor lado dessa profissão é o de poder voar todos os dias. Ver as coisas por outros ângulos e com outras cores.

Para algumas atividades, o talento é fundamental. Não acho, porém, que desenhar seja um dom. É apenas uma questão de treinar o olhar, pensar e fazer a mão seguir o pensamento.

Uma vez perguntaram se além de desenhar eu também trabalhava. Continuo procurando a resposta até hoje!

Garatujas

Garatujas são os primeiros rabiscos de uma criança. Aquelas formas meio esquisitas, sem pé nem cabeça, mas que traduzem um universo infinito. São garatujas porque não acredito num momento mágico em que o artista começa a fazer um trabalho mais "profissional" ou mais "sério". Elas têm um pouco de mim e eu ainda tenho que aprender muito com elas. Acho que todo artista continua desenhando garatujas pelo resto da vida, apenas um pouco diferentes daquelas do tempo de criança.

Mesmo tendo muita personalidade, elas sempre se infiltram na pele do cliente, assumindo sua posição dentro do projeto de maneira surpreendentemente confortável. As garatujas são universais, têm infinitas nuances e fazem parte de um riquíssimo (talvez infinito) vocabulário. A gramática desses desenhos tem um poder de comunicação muito poderoso!

Tecnologia e processo

Sem dúvida o computador é uma ferramenta fantástica. É um instrumento de aferição incomparável. Não posso aceitar, no entanto, que ele seja encarado como um acessório de criação, pulando a etapa do raciocínio. Um filtro ou um efeito nunca substituirão a metodologia do projeto e o desenvolvimento natural do processo criativo.

Cada caso requer um procedimento, uma técnica e uma metodologia. Nas ilustrações, costumo fazer o traço à mão, digitalizar o desenho e trabalhar as cores no Photoshop. Painéis e murais de grandes dimensões podem ser pintados com tinta acrílica, látex ou utilizando plotagem. O único ponto em comum é que todos os projetos são exaustivamente rabiscados e invariavelmente "pensados" com lápis e papel.

 

Artistas favoritos

Michelangelo, Picasso, Turner, De Kooning, Basquiat, Keith Haring e Javier Mariscal, entre tantos outros.

Não tenho a ambição de ser um artista plástico. Minhas imagens não têm o compromisso de fazer refletir. Elas são instantâneas, transitórias e isentas de qualquer engajamento que as artes plásticas devem ter. Essa liberdade de poder sugar um pouco de tudo para compor meu universo visual é fonte de imenso prazer. Minha linguagem gráfica, mesmo quando trabalha com conceitos mais sutis ou sofisticados, leva a um olhar franco e direto, sem nenhum tipo de adoração religiosa perante uma obra. É o contato imediato e popular que eu busco. Agir assim pode parecer leviandade, mas é incrivelmente bom ser leviano.

Exposições


  • Entrecores – Casa de Cultura – PMSP
  • Mosaico – Casa de Cultura – PMSP
  • Olhares – Casa de Cultura – PMSP
  • Coletiva de Inverno – Galeria Arlete Mello
  • Riscos – Casa de Cultura Salvador Ligabue – PMSP
  • Departamento Cultural dos Correios – Brasília (DF)
  • Janelas - Clube Alto dos Pinheiros (SP)
  • Diálogos – Casa de Cultura Salvador Ligabue – PMSP
  • Rupestres – Centro Empresarial de São Paulo
  • Garatujas – Parque Fernando Costa – Água Branca (SP)
  • Morandini – Espaço Cultura Inglesa (SP)
  • Caos – Casa de Cultura Salvador Ligabue – PMSP
  • Seres – Espaço Kabuki Mask (SP)
  • Koreapost – Seul (Coréia)
  • MAG – Museu de Artes Gráficas do Brasil (SP)
  • Fique Sabendo – Exposição Itinerante – São Paulo Fashion Week

Eventos


  • Participação do Salão de Humor de Piracicaba
  • Finalista do Concurso de Selos dos Correios – Bienal 1996
  • Ministrante do Workshop "Criatividade Também se Aprende" – Secretaria da Cultura – PMSP
  • Workshop de Metalgravura - Sesc Pompéia – I Arte em Movimento
  • Artista Catalogado no Artes Plásticas Brasil
  • Ilustrações para ACCU / UNESCO – Tokyo – Japão
  • Criação do Logotipo "Memória" – Projeto Museu de Rua / Secretaria da Cultura – PMSP
  • Criação do Logotipo "Caminhos do Mar" – Parque ecológico situado na Estrada Velha do Mar
  • Vencedor de uma categoria no Concurso Internacional de Design de Selos 'Koreapost' – Seul – Coréia
  • Doação de quatro originais para o acervo permanente do Museu de Artes Gráficas do Brasil, a convite da Diretoria do MAG
  • Fique Sabendo - Marca finalista, selecionada para campanha de incentivo à realização de testes do HIV, fazendo parte da exposição no São Paulo Fashion Week 2004
  • Artista Convidado para participar do Cow Parade São Paulo 2005

Revistas, livros e sites


  • Artes Plásticas Brasil
  • Revista Casa Cláudia
  • Anuário Talento – Ilustração
  • Site Casa de Bonecos (ilustradores brasileiros)
  • Portal Talento
  • Site O Q Design – Textos e matérias
  • Site Urban Collective
  • Revista Press and Publication (China)
  • Revista Design Gráfico
  • Revista Pimba (Uruguai)
 

› 
Adolfo Morandini Neto (1963) nasceu em São Paulo. É formado em Publicidade e Propaganda, Jornalismo e estudou Ilustração e Design Gráfico. Desde 1985 tem um estúdio, onde cria logotipos, desenvolve programas de identidade visual e faz ilustrações para diversos segmentos.
 

MAIS INFO 
Site pessoal
Capa Com a PalavraMatéria
 
©1999-2006 Contribua com a iniciativa nacional: não pratique pirataria de conteúdo na internet