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Análise |
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Análise  Cartaz
Corra Lola Corra

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Título original
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Lola Rennt
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País / ano
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Alemanha / 1998
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Direção
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Tom Tykwer
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Com
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Franka Potente (Lola)
Moritz Bleibtreu (Mani)
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A história de uma mulher correndo... assim poderia
ser definido Corra Lola Corra. Mas ele é muito mais
que isso. O filme, de 90 minutos, possui exatos 60 minutos
de correria divididos em trechos de 20 minutos cada que pretendem
mostrar como as nossas decisões podem influenciar indiretamente,
ou não, o mundo que nos rodeia.
Lola corre... para ajudar o namorado, Lola corre... para
alcançar a felicidade, Lola corre... para encontar
o pai, Lola corre... corre... E quando Lola corre ela muda
destinos, causa fracassos ou sucessos tudo que acordo com
suas mudanças de atitudes. Um filme alemão que
mescla imagens em 35mm quando Lola e seu namorado Mani
aparecem e de vídeo o mundo real com
uma imagem mais artificial. Com um roteiro maravilhoso e uma
linguagem de câmera perfeita, vale correr muito e conferir.
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Leitura geométrica
A geometrização desse cartaz é simples,
usando uma construção básica com formas
retangulares e de leitura totalmente verticalizada.
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Existem duas áreas visuais separadas
pelo nome do filme. Na parte superior quatro retângulos
distribuem imagens fragmentadas e abaixo, uma só imagem
formada pelos pedaços das duas personagens. Você
seria capaz de afirmar, com certeza, qual dois segura a arma?
Essa dúvida e sensação de uma situação
cíclica e quase uniforme faz parte da linguagem do filme.
Vale observar que a parte central do cartaz reforça
a imagem das duas personagens centrais. Isso nos dá
a idéia de um filme feito por fragmentos, que envolvam
essas duas pessoas.
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E Corra Lola Corra é exatamente isso, um filme que
conta a mesma história três vezes só que
com olhares diferentes, com imagens fragmentadas de acordo
com cada novo roteiro.
São três pequenas histórias que mudam
apenas por causa de decisões diferentes tomadas por
Lola, no início de cada uma delas, mas todas com o
mesmo objetivo que é o de ajudar o namorado. Transformando
isso em imagens: três decisões de Lola = três
retângulos (em vermelho), um objetivo (em azul) = um
retângulo e como a decisão dela influência
diretamente na vida dele, onde se fundem na parte de baixo
(em verde).
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Tipografia
Mescla a força e estabilidade do nome Lola
cheio, pesado, forte, reto e firme com o movimento,
a velocidade Rennt em itálico. Para quem não
viu o filme, Lola passa todo o tempo correndo e essa correria
está aqui representada não somente pelo itálico,
mas também pelos outros textos, ora alinhados a esquerda,
ora a direita, e também na vertical dando movimentação
a imagem, até agora, estática dos retângulos.
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Linguagem cromática
Apesar de ser um cartaz quase monocromático, a pouca
cor que tem ajuda nessa leitura de velocidade, ciclos etc.
As cores existentes e marcantes no cartaz são o laranja
e o vermelho.
Vermelho que está presente apenas nos cabelos de Lola,
fazendo aqui a relação com o fato dela passar
o filme todo correndo o vermelho é a cor que
mais eleva os batimentos cardíacos e a pressão
arterial e ela corre por amor e paixão, sensações
também relacionadas a cor vermelha.
O laranja, apresentado em algumas palavras também
tem relação com ação, vitalidade
e felicidade e Lola cria mais essas duas histórias
após a primeira justamente por buscar um final feliz
para ela e seu namorado. Além disso Lola está
em branco e Rennt em preto, representação dos
opostos, dos ciclos presentes em todo o filme.
O vermelho de seus cabelos e o laranja do texto logo abaixo
do nome do filme ajudam na leitura verticalizada do cartaz,
prendendo o nosso olhar nessa linha principal formada entre
o cabelo e o texto, memorizando mais facilmente o nome e fazendo
um ciclo com nosso olhar, uma vez que o vermelho corre para
baixo em direção ao laranja as duas cores
se atraem visualmente pela proximidade da cor/luz de cada
uma. Chegando no laranja, a nossa visão retorna ao
vermelho e assim em diante.
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Patafísica
Esse é um filme que está totalmente baseado
na linguagem da patafísica, que fala da leitura em
ciclos infinitos como em uma espiral. Isso fica claro desde
o início do filme onde a personagem aparece, em desenho
animado, descendo uma escada em espiral, onde existe uma porta
com um elemento vazado em espiral.
Logo depois aparece uma figura de um dragão comendo
o próprio rabo um dos símbolos da patafísica
é o ouroboros, uma cobra comendo o próprio rabo,
simbolizando o infinito. Sem falar de um travesseiro com espirais
pintadas, um relógio em espiral etc. entre tantos outros
elementos. Sem dúvida, contudo, o mais genial é
a linguagem de câmera também em espiral e que
se repete em cada início de história.
Acredito que Corra Lola Corra seja um filme quase que obrigatório
a todos nós que trabalhamos com linguagem visual, principalmente
as inconscientes ou subliminares. Fica aqui a dica: quem não
viu alugue já!
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Márcia
Okida (1967) é designer gráfico, sócia da
Assessoria Brasileira da Cor, professora de Linguagem
Gráfica e Estética em cinema e vídeo, membro
da SND – Society for News Design – e professora
de Design Gráfico e Editoração Eletrônica na Faculdade
de Artes e Comunicação (FaAC) da Universidade
Santa Cecília (Unisanta).
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