Age of Empires III – a história que os livros
não ensinam
Quando eu estudava História com a professora
Raimundinha, ficava olhando as fotos e ilustrações
da época, e imaginava como eram as casas, o modo de
vestir das pessoas, as armas, as carruagens e as guerras.
Hoje a computação consegue, por meio da história
e sociologia, simular o passado tão rico em detalhes,
que não conseguimos ver através dos livros.
A série Age of Empires, da Ensemble Studios,
iniciou com a intenção de concorrer com os outros
RTSs (real-time strategy, ou estratégia em
tempo real) que estavam no mercado em 1997, porém acabou
ganhando espaço de mercado ao unir estratégia
de guerras à História. Hoje, encontramos os
mais variados jogos de RTS. Desde jogos que retratam a conquista
do mundo à épocas futurísticas, esse
estilo ficou realmente marcado e conhecido pela franquia de
Age of Empires.
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Imagem de um livro de História... |
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...e uma cena semelhante no jogo. |
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Nesta terceira versão do jogo, os efeitos seguem as
tendências de pixel shader (sombras geradas
em tempo real) das engines†
gráficas, completando com a física da Havok.
O visual realmente impressiona como a água refletindo
as formas distorcidas e cores da superfície, trajetórias
de balas e rastros de fumaça ou um soldado voando após
ser atingido por uma bala de canhão. Entre outras coisas
boas no jogo, destaca-se a edição de cenários
onde podemos criá-los mais bem elaborados, com atenção
aos elementos de Amazon Forest, para criar cenários
semelhantes aos do nosso Brasil.
Age of Empires III nos transporta para a história
na época de Pedro Álvares Cabral, com suas naus
grandiosas e seus exércitos de exploradores lutando
contra piratas de uma perna só.
O diferencial de AOE3 para as outras versões é
o sistema de metrópoles. Para quem não lembra,
na época do descobrimento as colônias tinham
que prestar obediência às seu país de
origem chamados de metrópoles. As colônias produziam
recursos que as metrópoles não eram capazes
de gerar. Porém em AOE3, as colônias podem ser
independentes das metrópoles. Existem também
as personalizações das metrópoles, mas
cá entre nós, ainda não percebi uma diferença
grande quando se personaliza uma metrópole. Há
momentos em que realmente será necessário obter
ajuda das metrópoles, mas não impede de o jogador
fazer por si próprio, neste caso já é
uma questão de estratégia do jogador!
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Imagem de uma metrópole portuguesa
do jogo. |
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Vale ressaltar que sua colônia pode passar por cinco
etapas de tecnologia. A Era do Descobrimento é a mais
básica delas, seguido pela Era Colonial, depois a Era
das Fortalezas, posteriormente pela Era Industrial e finalmente
pela Era Imperial. Na medida em que se passa pelas eras, o
jogador tem mais facilidades de adquirir exércitos,
recursos e atualizações para sua colônia.
A cada passagem há um representante político
que deverá ser escolhido, trazendo consigo mais recursos
ou tropas para a cidade em crescimento.
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A escolha do representante pode ser
crucial em uma batalha. |
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Em relação às outras versões,
AOE3 foge do padrão de muitos RTSs de sucesso, no qual
os trabalhadores sempre devem voltar ao centro da cidade para
deixar os recursos. Neste jogo eles simplesmente os captam
e sua soma vai aumentando. Outra diferença notada foi
o número de tipos de recursos, agora só se precisa
de alimento, ouro e madeira. Isso sim foi uma boa coisa, pois
as pedras não faziam muita relevância.
Na primeira e segunda versão do jogo, os diálogos
e textos eram totalmente em inglês. Nesta versão,
os produtores capricharam e trouxeram um Age of Empires
de acordo com a realidade das fronteiras das nações.
Se você jogar com portugueses, os personagens falarão
em português; se jogar com franceses eles falarão
em francês, e assim por diante. Aliás, o jogador
pode comandar os exércitos portugueses, franceses,
britânicos, espanhóis, alemães, holandeses,
russos e otomanos.
Tratando-se de Descobrimento, os nativos da região
não foram esquecidos: existe também a possibilidade
de alianças com os astecas, caribes, cherokees, comanches,
crees, incas, iroqueses, lakotas, maias, nootkas, seminolas
e os nossos tupis.
O modo de campanha inicia com um explorador inglês
que persegue os otomanos, caindo em um tipo de conspiração
da época. Este legado é passado por três
gerações da família do explorador.
Infelizmente, ainda não testei o modo multiplayer,
mas creio que não é muito diferente quando se
joga no modo single player, salvo a inteligência
humana. Falando nisso, a inteligência artificial é
muito boa: há momentos em que o outro jogador conversa
com você quando seu personagem pratica alguma ação.
Pontos Fracos
Age of Empires 3 não é um título
que você precisa jogar para satisfazer novas emoções
em RTS. Atualmente existem outros jogos de estratégia
em tempo real mais inovadores. Mas ainda sinto falta, nos
jogos de Age, de uma câmera 3D mais explícita
sendo rotacionada para visualizar outras partes do cenário.
Seus gráficos e animações são
realmente impressionantes, porém poderiam ser melhor
explorados utilizando mais interatividade. Talvez para ficar
diferente da concorrência.
Outra coisa que me decepcionou foram os modelos de personagens.
Se para cada nação você tem línguas
diferentes, por que não ter modelos mais caracterizados?
Faltou um pouco mais de detalhes nos modelos humanos e algumas
estruturas para deixar mais individualizados. A individualidade
ficou restrita apenas às vozes e atributos das civilizações.
Contudo, as unidades especiais continuam, mas já é
de praxe em Age of Empires.
Pontos Fortes
Não podemos limitar o jogo apenas em seus gráficos
belíssimos e seu uso de tecnologia de física.
Devemos olhar sob o aspecto artístico e cultural que
ele transmite. Quando temos tecnologia para se trabalhar deve-se
aproveitar muito bem esses recursos, e é isso que o
jogo nos faz perceber. Age of Empire III pode ser
apenas evolução natural da série, mas
mostra como esta evolução pode ser madura sem
revolucionar tanto ao ponto de enfraquecer uma franquia (o
caso de Prince of Persia: Warrior Within é
um exemplo).
AOE3 nos coloca novamente na cadeira da sala de aula para
recordamos como eram as guerras na época de Cabral
e poderíamos até contar histórias nele,
mas isso é apenas uma idéia.
AGOSTO/2007
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Elinaldo
Azevedo (1978), natural de Belém, formado
em Ciência da Computação pelo Centro
Universitário do Pará - Cesupa e estudioso
em games.
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Este artigo foi reeditado e republicado na Benzaiten em parceria
com o autor. O artigo no formato original está
publicado no seu blog Brasil
Game Design.
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